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DEU MERDA!

Atualizado: 4 de mar.


 

Os homens precisam se alimentar para sobreviver. Nesse processo orgânico, os alimentos precisam ser convertidos, por meio da “alquimia” estomacal, em algo essencial para manter a vida: energia corporal. Contudo, algo tão sublime gera um resíduo operacional desprezível: as fezes.


Sob certos aspectos, a ação humana é análoga a esse processo. Toda atividade humana, por mais que tenha inspiração e aspiração espirituais das mais elevadas e objetivos mundanos dos mais bondosos e altruísticos, de algum modo, provocará sempre resíduos de sofrimento e maldade. Para não ser assim, necessariamente a ação humana teria que ser semelhante à ação divina e isso é logicamente impossível. O fato é que a ação divina contem em si mesma o universo infinito/eterno de todas as possibilidades, enquanto o homem, fragmento da ação de Deus é só uma criatura finita, ainda que passível de alcançar a Eternidade em Cristo Jesus. Resumindo a equação: o infinito não pode ser contido no finito.


É por isso que o Cristianismo tem como princípios fundamentais a abstenção do julgamento alheio e o perdão. De qualquer ação humana resultará necessariamente algo condenável, assim como do banquetear-se procederá inevitavelmente a produção fecal. Não é à toa que nos referimos aos nossos maiores erros, conscientes ou involuntários, com a expressão “deu merda”. Sempre dará merda para cada um de nós, em maior ou menor escala; daí ser, no mínimo, injusto para qualquer um se arvorar a apontar e condenar os erros alheios, quando ninguém está isento do pecado.


"Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês. Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: 'Deixe-me tirar o cisco do seu olho', quando há uma viga no seu? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão”. (Mateus 7, 1-5) “E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela”. (João 8:3-7)

Entretanto, parece-me que o mundo moderno é cada vez mais ávido por julgamentos. E isso está, de um certo modo, relacionado com a teoria materialista da história, que, após colocar como eixo motor da vida humana a necessidade econômica, divide a humanidade entre oprimidos e opressores, de modo que aos primeiros é dado o direito de condenar os segundos

sem sequer serem julgados.


O modus operandi da mente materialista não busca encontrar o Bem nas ações humanas, mas apenas o resíduo que gera a opressão e que estará presente em toda a História, em menor ou maior grau. Ironicamente, os maiores graus de resíduos opressivos cabem exatamente aos sistemas políticos materialistas que conseguiram algum sucesso para a desgraça de milhões. Em suma, o materialismo é análogo a um sujeito que se alimentasse com o propósito principal de acumular merda.


Não me parece uma opção muito sábia...


Autor: Moysés Maltta


Escritor e produtor cultural


 

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